domingo, 16 de março de 2014

800 anos da Língua Portuguesa - documentos antigos


Como é do conhecimento de todos na semana  passada (10 a 14 de março) comemorámos a Semana da Leitura, centrada no tema da Língua Portuguesa que celebra os 800 anos do conhecimento dos seus textos mais antigos. O lema escolhido foi: “O Português nas bocas do mundo”.


O Português é falado nos cinco continentes, é a língua oficial de oito paísesAngola (19,8 milhões de habitantes), Brasil (194,9 milhões), Cabo Verde (496 mil), Guiné-Bissau (1,5 milhões), Moçambique (23,3 milhões), Portugal (10,6 milhões), São Tomé e Príncipe (165 mil) e Timor-Leste (1,1 milhões). Contudo, só nos casos de Portugal e do Brasil é contabilizada toda a população como falante de português. Em Timor-Leste, por exemplo, apenas 20% dos habitantes falam português, enquanto na Guiné-Bissau são 57%, em Moçambique 60%, em Angola 70%, em Cabo Verde 87% e em São Tomé e Príncipe 91%, revelam os dados do observatório.

O Testamento de D. Afonso II é considerado por muitos estudiosos como o primeiro texto escrito em língua portuguesa. Esta datação não é pacífica; existem outros textos que reivindicam a mesma proeza, nomeadamente a “Notícia de Torto” e a “Notícia de Fiadores”. No entanto, “Testamento de D.Afonso II” é aquele que reúne mais consenso, e para o qual existe uma data de redação mais provável, 1214. Para homenagear a língua portuguesa, é apresentada em seguida uma transcrição integral desse texto.

Em nome de Deus. Eu, rei D. Afonso, pela graça de Deus, rei de Portugal estando são e salvo, temendo o dia da minha morte, para a salvação da minha alma e para proveito de minha mulher D. Orraca e de meus filhos e de meus vassalos e de todo o meu reino, fiz meu testamento para que depois de minha morte, minha mulher e meus filhos e meu reino e meus vassalos e todas aquelas coisas que Deus me deu para governar estejam em paz e em tranqüilidade. Primeiramente mando que o um filho, infante D. Sancho, que tenho da Rainha D. Orraca assuma o meu reino inteiramente e em paz. E se este morrer sem deixar descendentes, o filho mais velho que houver da rainha D. Orraca tenha o meu reino inteiramente e em paz. E se não tivermos filho homem, a filha mais velha que tivermos, assuma o reino. E se no tempo da minha morte, meu filho ou minha filha que deve reinar não tiver idade, esteja o reino em poder da rainha, sua mãe. E meu reino siga em poder da rainha e de meus vassalos até quando cheguem à idade. E se eu morrer, rogo ao Papa, como padre e senhor e beijo a terra ante seus pés para que ele receba sob sua guarda e sob sua proteção a rainha e meus filhos e meu reino. E se eu e a rainha morrermos, rogo e peço que meus filhos e o reino sigam sob sua proteção
Ano de 1214
Data provável: 27 de junho de 1214






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